Dieta rica em alimentos ultraprocessados e impactos negativos sobre a saúde mental
Adotar bons hábitos alimentares e de estilo de vida colaboram para manutenção da saúde e bem-estar geral .

De acordo com três estudos científicos recentes, a adoção de uma alimentação rica em alimentos ultraprocessados pode estar associada a um maior risco de desenvolvimento de demências e outras doenças
Refrigerantes, bolos, doces, rosquinhas, sorvetes, salgadinhos, macarrão instantâneo, biscoitos, sopas pré-embaladas, molhos, pizza congelada, refeições prontas, salsichas, hambúrgueres, batatas fritas, dentre outros, são alguns dos exemplos de alimentos ultraprocessados que nos últimos anos chegaram à mesa dos brasileiros.
Alimentos ultraprocessados são definidos como “formulações industriais de substâncias alimentares (óleos, gorduras, açúcares, amido e isolados de proteínas) que contêm pouco ou nenhum alimento integral e normalmente incluem aromatizantes, corantes, emulsificantes e outros aditivos cosméticos”, de acordo com estudo recentemente realizado.
A composição final do alimento ultraprocessado, após passar por um longo percurso em escala industrial, não faz lembrar comida de verdade. São características desses produtos elevados teores de açúcar e calorias, bem como a presença de aditivos químicos com a finalidade de intensificar o sabor e aumentar o prazo de validade.
Dentre os motivos que fizeram esses alimentos integrarem parte considerável da dieta do brasileiro estão: a conveniência, a praticidade e o realce de sabor por meio do uso de flavorizantes e aromatizantes artificiais. Na contramão do crescente consumo de alimentos ultraprocessados pela população estão os já conhecidos danos à saúde cardiovascular, a obesidade, o diabetes, o câncer e efeitos nocivos sobre o cérebro, de acordo com achados em estudos científicos recentemente publicados.
A relação entre o consumo de alimentos ultraprocessados e a saúde mental tem ganhado grande relevância e interesse por parte de pesquisadores da área de alimentação, tendo sido encontradas novas evidências sobre o assunto. Cientistas brasileiros e chineses publicaram três artigos científicos mostrando que pessoas cuja dieta é à base de ultraprocessados estão mais propensas ao desenvolvimento de doenças mentais, a exemplo da doença de Alzheimer, declínio cognitivo e outros tipos de demência.
Dentre os estudos recentes está uma pesquisa feita com dados do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (Elsa-Brasil). O artigo registra a análise de informações de mais de 10 mil brasileiros entre 35 e 74 anos, por um período de dez anos. Os autores do trabalho observaram que aqueles que mais consumiram alimentos ultraprocessados tiveram queda cognitiva 28% maior em comparação àqueles que menos consumiram. Foi detectada, ainda, uma queda nas funções executivas (capacidade de planejar e executar ações).
No último mês de julho, foi publicado na revista científica Neurology o estudo intitulado Associação do Consumo e Alimentos Ultraprocessados ao Risco de Demência. As evidências mostraram que o maior consumo de alimentos ultraprocessados está associado a um maior risco de desenvolvimento de demências. De outro lado, a substituição de ultraprocessados por alimentos in natura ou minimamente processados está associada a um menor risco de desenvolvimento de demências.
De acordo com os resultados deste estudo, os pesquisadores demonstraram que a substituição de 20% do peso de ultraprocessados de uma dieta por uma proporção equivalente de alimentos minimamente processados está associada a um risco 34% menor de desenvolvimento de demência.
Por fim, uma pesquisa desenvolvida pelo Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (NUPENS/USP), publicada no início de julho com dados da Pesquisa Nacional de Exames de Saúde e Nutrição dos EUA com 3500 participantes com 60 anos ou mais, concluiu que a redução do consumo de ultraprocessados pode melhorar a cognição entre os adultos mais velhos.
Adotar bons hábitos alimentares e de estilo de vida colaboram para manutenção da saúde e bem-estar geral.
Caro leitor, saúde! Do corpo e da mente.
Marliani Alves de Brito
Nutricionista graduada pela Universidade Federal da Bahia (1999)
Especialista em Segurança e Inspeção de Alimentos pela UFBA
Experiências profissionais:
- Responsável Técnica no Controle Higiênico Sanitário de Alimentos em dois grandes hotéis cinco estrelas na cidade de Salvador: Fiesta Bahia Hotel e Hotel Transamérica Salvador, com breve passagem pelo Hotel Transamérica São Paulo e Resort Transamérica Ilha de Comandatuba, para aprimoramento em ações de implantação de procedimentos do Sistema APPCC;
- Assessora Técnica no Hotel Bahia Othon Palace na área de Controle Higiênico Sanitário de Alimentos;
- Nutricionista na área hospitalar, no Hospital Aliança;
- Docente no curso superior (Bacharelado em Nutrição), na Faculdade de Tecnologia e Ciências (FTC);
- Supervisor de Segurança Alimentar pelo IH (Instituto de Hospitalidade), em conformidade com a norma NIH - 02.2000;
- Instrutora de Treinamento em Recursos Humanos pelo CENTRE Treinamento Empresarial;
- Instrutora de Treinamento em Segurança dos Alimentos certificada pelo IH (Instituto de Hospitalidade), com atuação em treinamentos de capacitação para manipuladores de alimentos das Unidades de Alimentação e Nutrição das plataformas de petróleo PETROBRAS,00000 das Bacias de Campos e Macaé - RJ;
- Instrutora Nível III, no Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC – BA), Unidade Casa do Comércio, nas disciplinas Higiene e Manipulação de Alimentos e Noções de Nutrição e Dietética.
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